No embalo da noite
Saíram do bar já noite dentro esquecendo as horas,o ar da madrugada era fresco,muito fresco,aproximou-se devagarinho dela e abraçou-a,o silencio era cúmplice do desejo de não estragar o resto dessa noite.Os dois porem continuavam a ser pessoas solitárias e um pouco perdidas na vida. Sem nunca mencionarem ninguem ,nem nada do passado,esses fantasmas ficaram do outro lado do jardim,apenas o baloiçar dos corpos se notava em cada vai-e-vem sentiam no face o frio da noite.Pararam ambos ao mesmo tempo,olhou-a então,ela chorava.Sem reacção deixou que chorasse...manteve o silencio...paciente...sem perguntas.No rosto dela sentia-se solidão,solidão mal vivida,havia também saudade,talvez não de alguém em particular mas saudade de acreditar na felicidade simples,inocente e inefável.
Perguntou-lhe,agarrado as suas mãos "-O que tens"?
Respondeu-lhe que se sentia apenas e só uma sobrevivente dela mesma,que desistia facilmente de seguir o caminho ambicionado.
H. dando o seu melhor empresta-lhe rostos,olhares,para a iluminar.. para secar o seu rosto.
Respirando fundo S. agarra-se com afinco ao que lhe é dito e para de soluçar.Saca de um cigarro,olha para o céu escuro e diz:"-Vamos?"
Os dois de braço dado deixam os baloiços entregues ao tempo num baloiçar livre.Despedem-se com um até já,cúmplices viram costas,e já de costas voltadas,ambos,olhando para o futuro sorriem....
(continua)